Por Fátima Faustino*

Recentemente, li uma mensagem muito rica sobre a geração que viveu de 1960 para cá. Faço parte dela, uma geração que presenciou muitas transformações na sociedade, bem como avanços tecnológicos na Medicina e em todas as áreas. No fim do texto, o autor conclui com uma frase que me chamou atenção: "Vamos continuar a viver nossa vida ao máximo, um dia de cada vez''.

Fiquei tão envolvida e pensativa com a sugestão do escritor que senti um enorme desejo de também escrever sobre a frase final.

Que tal pensarmos que é mais fácil viver nossa vida ao máximo como somos e com o que temos?

E como somos?

Gordinhas, magrinhas, altas, baixas, sem filhos, com filhos, com marido, sem marido, etc.

 E o que temos? 

Criatividade, habilidades (mesmo achando que não temos qualquer habilidade), dons naturais, talentos desenvolvidos, talentos a desenvolver, alegria, tristeza, depressão, ansiedade, diabetes, síndromes diversas, doenças autoimunes, enfim....

Sabe porquê devemos viver ao máximo com o que somos e com o que temos?

Porque daqui a 1, 5 ou 10 anos, seremos as mesmas mulheres que poderão recordar os momentos maravilhosos que vivemos, apesar de não possuir tudo que achávamos necessário para tanto. 

Penso que há uma voz dentro de nós dizendo baixinho que não merecemos aquele passeio, aquela roupa, e que pode não cair bem dedicar tempo para divertir-se.

Estamos sempre adiando nossos desejos e nunca planejamos executá-los, porque lá no fundo temos a sensação que parece egoísmo de nossa parte fazer algo que nos dê prazer, alegria e satisfação.

Usamos todo o tempo para servir, auxiliar, ajudar nossos próximos, e fazemos pouquíssimo por nós mesmas. 

Somos, durante muitos anos, a primeira pessoa da família a pular da cama e a última a dormir. Deixamos os melhores pedaços para quem amamos.

Guardamos um pedacinho para alguém, porque ele (a) adora aquele bolo.

Damos presentes especiais para todos, mas nunca compramos algo que seria importante para nós e nos faria bem.

Vivemos adiando nossos desejos, inclusive os pequenos, porque pode parecer egoísmo.

Jesus disse que deveríamos amar o próximo como a nós mesmos, mas parece que essa lição é um pouco difícil, porque sempre priorizamos os próximos e tratamos os outros muito melhor do que a nós mesmas. 

Que tal nós invertermos? 

Vamos nos amar como temos amado aos nossos próximos ao menos na mesma proporção?

Se fizermos isso, aprenderemos a fazer coisas simples para nós diariamente e também olharemos para nós mesmas com mais cuidado e amor. Vez por outra poderemos nos presentear realizando um pequeno ou grande desejo. 

Não vivamos pensando em fazer algo no futuro. 

Vivamos um dia de cada vez, nos tratando bem diariamente. 

Se o desejo for caro, planeje o quanto precisa guardar para realizá-lo daqui a um ano. Dedique-se a olhar seus desejos e necessidades e a cuidar de você também.

Vamos viver um dia de cada vez cuidando bem de nós mesmas. Use suas louças especiais diariamente, compre para você aquele perfume que você só acha caro quando é para você. 

Chame uma amiga e vá ao cinema ou à praia.

Realize um pequeno desejo nesta semana e conte aqui.

Para ajudar, vou começar. 

Eu amo pedalar.

Durante a pandemia minha bicicleta enferrujou e ficou ruim.

Voltei a pedalar com a bike da prefeitura. 

Não tem marchas e é pesada, minhas pernas estão fracas, mas não importa. É o que sou hoje e o que tenho disponível hoje. Pedalo, descanso, pedalo descanso e estou feliz porque pedalar me traz um momento de felicidade plena.  

No futuro compro uma bicicleta nova. Hoje pago 20 reais por mês e pedalo nas bikes verdes.

Pedalar um dia de cada vez com bicicleta ruim é melhor que esperar comprar uma bicicleta nova no futuro e pedalar daqui a não sei quanto tempo. 

E por que é melhor? Porque tenho o dia de hoje para aproveitar e fazer as coisas que me fazem feliz, do jeito que sou e com o que tenho.

Hoje eu pedalei e estou muito feliz.

*Fatima Faustino é advogada e parceira de Denise Marçal Fotografia