No mês em que se comemora o Dia Nacional do Fotógrafo, celebrado dia 8 de janeiro, apresento a vocês uma protagonista da fotografia cearense.
Aline Caldas é retratista e empreende há três anos, oferecendo fotografia para famílias, casais, publicidade, gastronomia, profissionais e eventos. Ela também é participante do Programa Sol para Mulheres, mantido pela Galeria Imagem Brasil, onde nos conhecemos.
Recentemente, tive o prazer de fazer o ensaio dela no Museu da Fotografia (confira aqui algumas imagens) e agora, compartilho com vocês uma entrevista exclusiva, onde ela conta sobre as delícias e as dores de empreender neste setor.
Como é empreender na Fotografia?
Difícil, não vou negar. São 3 anos de muita persistência. Reza a lenda que, quando completamos 4 anos de carreira, é quando tudo se estabiliza. Em 2022 vou descobrir se é verdade! (risos)
Comecei cometendo muitos erros, mas aprendendo com eles. Não sabia bem como gerir a empresa financeiramente, demorei para separar o dinheiro da empresa e o da Aline, compreender que certas medidas de organização e gestão eram necessárias. Esse é um processo que facilita e agiliza bastante as coisas, não apenas no dia a dia, mas no psicológico também. Com organização, se trabalha de forma mais rápida e melhor.
Uma das maiores dificuldades é o que eu chamo de “o leilão de quem dá menos”, que é a eterna batalha de preços. Porém, com o tempo aprendi com meu pai que minha qualidade, em todos os aspectos, rege o meu preço, e não é justo reduzi-lo a qualquer custo. E por falar em custo, são muitos por trás: site, armazenamento em nuvem, HDs externos, computador moderno e rápido, pacote Adobe, seguro (eu nunca fico sem seguro dos equipamentos), equipamento fotográfico, depreciação dessa câmera, lente, flash, pilhas de qualidade, bateria extra, cartões de memória, deslocamento, tempo de edição…
Fala um pouco do trabalho que você desenvolve como fotógrafa.
Meu primeiro ensaio como fotógrafa foi um ensaio de gestação de uma antiga colega de escola. Por isso, foi muito especial. Foi um primeiro passo importante. Durante o primeiro ano, fotografei basicamente gestantes, até que percebi que a minha linha criativa não seguia aqueles ensaios que eu vinha realizando, com vestidos esvoaçantes e flores no cabelo (risos). Passei a retratar mais famílias em momentos reais, em casa, em ensaios life style, e assim tem sido até hoje.
Busco sempre trabalhar com a espontaneidade. Converso muito, ouço muito, brinco quando há abertura e assim construo cada retrato. Em eventos, gosto de trabalhar livre. Circulando e registrando os momentos que ninguém vê, quase como uma entidade invisível (risos). É bacana ver as surpresas depois, as reações ao verem as fotografias.
Um ponto importante é que eu não uso Photoshop, e sempre procuro deixar isso claro. Não acredito em belezas irreais. De que adianta eu entregar uma pessoa na fotografia e, quando ela se olhar no espelho, ver outra? Se fizer isso, vou apenas contribuir com os estereótipos contra os quais tanto lutamos.
Como você se mantém inspirada para fazer o que faz?
Muitas referências. Leio muito, assisto muitos filmes, muitas séries, animações, visito museus, consumo muita arte e conteúdo sobre arte, e carrego uma historiadora dentro de mim. Acho que é um pouco de tudo isso. Sempre fui uma pessoa muito curiosa e isso ajudou a construir uma fotógrafa que jamais está saciada. Nunca acho que sei tudo, nunca penso que não tenho mais o que aprender. Faço cursos quase todos os meses, leio sempre algo novo, vejo todo tipo de streaming, consumo YouTube, Netflix, Disney+, HBO Max, Telecine, Prime Vídeo, estou sempre circulando pelo Instagram e pinterest, acessando sites e conferindo novidades. Minha cabeça nunca para e meus olhos também não. Tudo isso ajuda a construir a essência do que eu crio.
Tem alguma história que te marcou durante a realização do seu trabalho?
Tem sim. Recentemente fui fazer um trabalho e descobri que já conhecia a cliente, indiretamente. Ela havia saído em diversas notícias após um acidente de um filho, que ficou muito conhecido localmente, gerou diversas campanhas de apoio. Ela me contou toda a história e não tive como não me emocionar, lembrando do que vi e li nos jornais da época. Foi uma alegria poder ajudá-la a crescer no seu negócio através das minhas fotografias, depois de tudo o que a família dela viveu.
Tem alguma frase que norteia o seu trabalho?
"Fotografar é colocar na mesma linha de mira cabeça, o olho e o coração". Essa frase é do Henri Cartier-Bresson e, para mim, resume um pouco da prática fotográfica. Não é sobre apertar um botão, como muitos pensam, mas sobre enxergar o que os outros não enxergam.
Uma segunda frase que posso citar é a de Steve Jobs em seu memorável discurso para os formandos de Stanford. "Stay hungry. Stay foolish". Em tradução ao pé da letra, é como se fosse "continue faminto, continue tolo". Tenho essa frase tatuada para me lembrar de permanecer faminta com relação à vida e ao aprendizado, a experiências e vivências. Ter sempre fome de conhecimento, ver o mundo além do óbvio e jamais me acomodar.
"Fotografar é colocar na mesma linha de mira cabeça, o olho e o coração". Essa frase é do Henri Cartier-Bresson e, para mim, resume um pouco da prática fotográfica. Não é sobre apertar um botão, como muitos pensam, mas sobre enxergar o que os outros não enxergam.
Aline Caldas
Que livro ou pessoa marcou sua trajetória profissional?
Steve Jobs. Li sua biografia durante a pandemia e me inspirou muito. Outros nomes: Walt Disney e Roy Disney, tenho estudado bastante sobre as estratégias por trás da Disney e seu encantamento.
A partir da sua experiência, que conselho você pode deixar para as mulheres que querem empreender nos seus projetos?
Não deixem ninguém dizer que você não consegue, que você não é capaz. Ouvi muito isso. Ouvi muito que deveria desistir, buscar um emprego CLT, voltar para o mercado. Mas eu sabia o que eu queria e sei o que quero hoje, por isso, venho persistindo nesses quase 4 anos de construção de carreira.
É muito fácil desistir e, muitas vezes, também é tentador, mas é preciso ter um objetivo claro, assim como um propósito. Eu não fotografo apenas pelo dinheiro (claro que o dinheiro importa, afinal, os boletos estão aí), mas quando eu chego numa casa pra fotografar uma família, não chego como a fotógrafa paga pra clicar, chego como o que chamo de historiadora imagética. Eu estou ali para registrar memórias de uma família, escrever a história deles naquele momento. Não desisti, e isso me trouxe até aqui. Hoje, todos que me diziam que eu deveria voltar a ser CLT, elogiam meu trabalho e admiram. Não foi fácil. Não foi mesmo e continua não sendo. Mas sigo em frente ciente do que eu quero conquistar.
Quem quiser contratar os seus serviços, onde te encontra?
Podem me encontrar no site retratosdaaline.com.br e no Instagram @retratosdaaline.